22/10/2013

Minha obra de arte


Lá fora todas as luzes da cidade já estavam apagadas, passavam das 5 da manhã de uma quarta-feira fria e eu tinha apenas três opções: sair lá fora para procurar luz no meio de toda aquela escuridão; virar-me para a esquerda e tentar pegar no sono ou ficar ali, observando você dormir, linda. Digamos que não o tipo de cara observador, mas a última opção era muito mais atraente para mim.

Você dormindo ali toda delicada na minha cama parecia um quadro, uma pintura muito valiosa, um fenômeno sem explicação. Ao mesmo tempo em que eu adoraria sentir o calor do teu corpo no meu, queria contar teus batimentos cardíacos, queria transformar em números as pausas da tua respiração. Queria me deliciar ouvindo teus suspiros mais profundos, observar minunciosamente o movimento de sobe e desce que teu peito fazia acompanhando tua respiração silenciosa.

Mas ainda, poderia ir do céu ao inferno só para dar um jeito de entrar na tua mente e descobrir se teus sorrisos durante o sono eram por estar sonhando comigo. Sorrisos quase que imperceptíveis, só uma leve curvatura no canto esquerdo dos lábios. Mas que já me levavam a loucura por tamanha curiosidade.

E se você não estivesse sonhando comigo? E se seu sorriso pertencia a outro cara? Deus que me livre, mas mulher é dor de cabeça até dormindo. Até dormindo nos intrigam, nos enlouquecem. Não sei quem foi o cara que escreveu, mas estava totalmente correto ai dizer que a maior causa da morte de um homem é uma mulher: senão é por amor, é loucura ou bebedeira – dei um gole na garrafa de vodka e concordei com o autor dessa frase.

Agora meus olhos que viajavam pelo teu corpo, pairavam sobre teus pés – tão pequenos e delicados – de tempos em tempos um deles tremia ora o esquerdo, ora o direito, talvez alguma reação do sonho que me faria filosofar pelo resto de nossas vidas. Seu cabelo todo emaranhado nunca esteve tão sexy, você estava linda. Queria que você pudesse estar ali no meu lugar, se olhando, se ver como eu te vejo. Sem cobranças – só amor.

O sol já clareava mais da metade do meu quarto e eu temia que você acordasse e desse de cara comigo – em flagrante. Mas não, o máximo que você fez foi cobrir um pouco do seu rosto com o edredom para evitar a claridade matinal e virou para o outro lado, deixando suas costas nuas totalmente expostas. Era lindo. Mais hipnotizante do que eu já tinha visto até ali.


E eu. Eu continuei ali, contemplando a maior obra de arte que já vi em toda a minha vida: o amor da minha vida, dormindo.


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