Eu
nunca fui de acreditar em pessoas perfeitas, alma gêmea ou aquele papo de que “vocês
combinam tanto”, mas aí você me apareceu.
Ok, ok. Não achei que quando eu fosse encontrar o cara certo, fogos de
artificio iriam estourar durante nosso beijo, ou melhor, uma chuva cairia sobre
nós tipo aquelas cenas românticas de cinema. Não, não, melhor: Quando eu
encontrasse o cara certo, apareceriam anjos em um coro “óóóóó” e um foco de luz
se acenderia sobre você. (Quanta breguice). Acho que nunca fui de acreditar no
amor mesmo. Mas como eu dizia, você me apareceu.
Sem
fogos de artificio, chuva ou anjos cantores. Era só você sentado do meu lado com um livro enorme.
Era
uma terça-feira comum, como todas as outras e como todas as outras, eu ficava
sentada na pracinha do meu bairro, eu ia lá para ler. Não estava guardando o
lugar para ninguém, apenas coloquei minha bolsa ali no canto e abri meu livro,
página 57. Mal esperava para continuar o próximo capítulo, esse com certeza
iria entrar para minha lista de “10
livros preferidos do mundo inteiro”.
Eu estava super concentrada quando senti algo se mexer ao meu lado, era
alguém, e desligada como eu sei que eu sou, você devia estar ali por horas, e
eu nem reparei. Sorri para um desconhecido e encontrei olhos que me analisavam,
olhei para baixo para desviar o olhar e encontrei um livro envolvido em suas
mãos, o quinto da minha lista de “10 livros preferidos do mundo inteiro”.
Nunca
fui do tipo que “se entende” com desconhecidos, pra falar a verdade, até com conhecidos
eu não me dou muito bem, é, acho que sou
do clubinho dos antissociais, os que preferem livros a pessoas. E pelo que notei
você também. Voltei para meu livro, eu parecia estar lendo uma bula, meus olhos
estavam pregados nas linhas daquela página, mas eu entendia bulhufas. Estava entorpecida pelo seu cheiro. Que
diabos estava acontecendo comigo? Eu nem sabia seu nome, nem quem você era,
você apenas sentou-se ao meu lado para ler, em uma pracinha pública. “ok, foca
no livro”. Repeti para mim.
Este livro é bom, o li algumas
vezes.
Oh
meu Deus, eu estava maluca. Além de inventar frases eu ainda inventei uma voz
para você. Uma voz linda. Ou não inventei? “Hm,
estou no comecinho. Página... (olhei o rodapé) 58”. E sorri. E aquela era
oficialmente (barra formalmente) nossa primeira conversa. Mas você me conhece,
sabe que eu sou meio viajada, então, enquanto você me contava o final do livro,
eu não conseguia ouvir, estava
mergulhada em seus olhos, arquitetando o nosso futuro. Você de camisa branca
e calça jeans tomando café da manhã na ponta da mesa, lendo jornal, não na
série esportiva ou policial, mas os lançamentos, os filmes em cartaz e a
programação para o fim de semana. E eu no quarto, acordando as crianças, depois
me arrumando, saíamos para trabalhar, cada um em seu carro. E ah, como você
pode esquecer-se meu amor? Hoje é seu dia de deixar as crianças na escola e
levar o Toddy, nosso cachorrinho no veterinário. Éramos uma família feliz, mas
aí eu me peguei sentada novamente na pracinha, você me encarando e acho que a
última coisa que você me perguntou foi se eu torcia pela personagem do livro
terminar com John ou com Richard. Foda-se ela e os dois. Eu queria você.
Não
teve fogos de artificio, nem chuva, nem os anjos. Só um livro que até hoje eu não consegui terminar.
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