10 de junho

Último texto que escrevo para ele. Prometo. (Onde foi mesmo que eu li que não se promete o que não se pode cumprir?). Tem um lembrete na porta do meu guarda-roupa para que eu não me esqueça, “não escrever mais para aquele idiota. Agradecida”. Vou tatuar na minha mão “largue essa caneta se for para jogar palavras no lixo”, quem sabe assim eu não paro de ser trouxa? A trouxa dele. Eu não tinha prometido que não escreveria mais sobre ele? Pelo visto não estou mantendo palavra. Bom, mas esse vai ser apenas uma despedida. A última, de verdade. Quase que um desapego.

Eu disse “quase”.

É inevitável não ficar abalada quando você reaparece, parece que tudo tem que sair da sua ordem natural. É como se justo agora que a minha vida finalmente está entrando nos eixos, agora que finalmente eu tomei jeito e aprendi a me dar mais valor, agora que a minha vida está mais calma e eu estou aprendendo á gostar de um outro alguém, você tinha que aparecer assim, do nada e dar um giro total nas coisas. Você deixou minha vida de pernas para o ar, em questão de segundos.

Você conseguiu me fazer esquecer a história que eu “construí” para te tirar dos meus pensamentos, você conseguiu trazer de volta aquela minha versão antiga, com 16 anos e totalmente apaixonada. E eu me senti horrível. O que era mesmo que eu estava fazendo tentando ser feliz ao lado de outra pessoa? Ah, claro! Eu andei procurando algo nas pessoas, andei procurando por você. Não encontrei. Nem cheguei perto. Mas encontrei algo melhor, quer dizer, até onde eu sei, ele não me machucaria. Não como você e para falar a verdade, pensando em você assim, eu estou sendo totalmente injusta em relação á ele. Está vendo? Você me faz sentir um monstro.

Droga.

Olhando-te aqui, eu voltei há dois anos. Quarta-feira, 10 de junho.

Eu preciso parar de pensar nisso, não é certo. Eu prometi que ia recomeçar sem você, prometi que agora minha vida seria nova e que meu coração bateria mais forte sem ter que se lembrar de você, é, bateu. Mas as borboletas só vêm quando você está por perto. Quando olho no fundo dos seus olhos e lembro-me de como é bom sentir o calor dos seus braços. E tenho saudades disso. Eu havia prometido á mim mesma, que seria alguém que nunca deveria ter deixado de ser, alguém que eu era antes de te conhecer. Ela deve estar perdida por aí, nos seus olhos.

É tão estranho voltar naquele junho gelado e tão cheio de lembranças e ao mesmo tempo ter você aqui na minha frente, é como ter a minha maior felicidade e o meu maior temor, juntos. Em você. E não saber o que fazer. Cara, você não poderia ter ficado no seu mundinho? Longe das minhas cicatrizes? Tinha mesmo que ressurgir das cinzas e revirar toda a minha vida? Justo agora? Tinha, eu sei que tinha. É típico de você isso. Como eu ainda posso te amar tanto assim? Só por favor, não volte naquele 10 de junho, eu não estou pronta para reescrever textos antigos.