07/11/2011

Perfeita

                           
                                Foi uma das atitudes mais estranhas da minha vida.
                            Ouvindo uma música qualquer, uma música aleatória. Me deparo diante de mim mesma, pensando sobre como eu sou diferente. A música continuava tocando, mas eu já não a ouvia.
                        Eu fazia questão para mim mesma, para a Elisandra responder. Mas a Elisandra das perguntas nunca tinha as respostas para a outra Elisandra. Era eu em todas as situações, mas parecia que não. Eu não me conhecia. Eu sentia que fosse eu ainda.
                         Depois de um tempo questionando. Parei. A Elisandra das respostas resolveu desabafar, falou tudo o que estava preso na garganta. As duas Elisandras entraram em conflito. Um conflito dentro de mim mesma. Eu tentava acalmá-las, mas me sentia muito pior. Percebi que pessoas normais não faziam isso, então me senti diferente.
                               Estranha.                                                          
                            A Elisandra das respostas gritava. Repetia diversas vezes que se, sentisse bem de batom ou esmalte vermelho, usaria; que se estivesse muito bem dentro de uma saia curta e salto alto, usaria sem problema algum; que se quisesse ir de tênis ao shopping, iria; que mesmo cantando mal do jeito que cantava a fizesse bem, cantaria. Que se fosse feliz à sua maneira, seria.
                         A Elisandra das perguntas não deixava por menos. Apontava pequenos detalhes, ela também gritava. Em meio aos berros da outra Elisandra, ela gritava mais alto: Você tem que usar esmalte claro, não está vendo que assim é que você agrada mais as pessoas? Você não vê que usando saia curta atrai mais olhares? Você tem que ser neutra, ou não entende o que é ser neutra? Você tem que parar com essas risadas altas, ser feliz não quer dizer que você tenha que ser maluca. Você tem que ter um sorriso discreto, ou não entende o que você tem que ser?
                      Perfeita.
                  Minha cabeça doía, eu não sabia qual das duas eu realmente era, Elisandra das perguntas ou Elisandra das respostas? Talvez as duas. Talvez, eu fosse uma mistura imperfeita das duas. Mas por que elas resolveram guerrear justo agora?
                    Porque esse tempo todo eu tentei ser perfeita, porque eu tentei agradar ás pessoas e me esqueci de quem eu realmente sou. Porque nas poucas vezes em que tentei ser eu mesma, sem tentar agradar alguém, falhei. Comigo mesma.
                     Deparei-me diante uma questão estranha: O que eu realmente era? E o inesperado aconteceu.
                     Silêncio.
                    As Elisandras que dentro de mim brigavam, cessaram. Elas concordavam que quem responderia á essa questão era uma única pessoa, eu. Perguntei-me qual seria a quantidade de pessoas no mundo que faziam isso e com qual frequência. Talvez eu era a única.
                         Estranha.
                         A partir daí, decidi parar de tentar provar para as pessoas, alguém que eu não sou e que não gosto de ser. Decidi continuar assim...
                         Perfeitamente imperfeita!!!

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