A onda

Se eu pudesse ficar de olhos fechados o tempo todo, seria capaz de acreditar que estou em chamas, que, por algum motivo, fui jogada ao fogo. Mas assim, com olhos bem abertos, eu vejo que tudo é apenas ilusão e são apenas seus braços a minha volta. Queimando-me. Não sei bem explicar como é, mas o nosso relacionamento é um vai-e-vem sem fim, é um ciclo vicioso. Ás vezes parece que seremos aquele casal que sai para comer pizza nas noites de sábado, aquele casal que compartilha fotos na internet fazendo caretas, aquele tipo de casal clichê que compartilha dos mesmos fones de ouvido.

Só às vezes.

Na realidade, somos o tipo de casal moderno. Ou melhor, careta. Ah, sei lá. Está vendo o que você faz comigo? Me deixa confusa na maior parte do tempo. Mas voltando, nem sei se formamos um casal, a não ser que conta“fazer parte de um casal” por três dias, três longos dias. Porque é assim quando estamos juntos, dias longos, dias que não se acabam, onde para podermos ver o sol encostar-se ao horizonte, temos que passar por muitas brigas, muito amor intenso e muitas despedidas.

Você não se cansa? Passa dias na sua casa com planos mirabolantes de como fazer a sereia cair na sua rede? Amor, eu sou um peixinho bobo, e vou me perder no seu mundo todas às vezes, todos os dias. Se você quiser. Você quer?

Não seja meu amor de três dias, que vem queimando tudo, inclusive a mim. Mas também não seja essa onda, que vai embora levando tudo junto, essa onda que de tempos em tempos vem arrastar para o fundo do mar tudo o que eu tenho. Não seja essa onda que faz meu coração arder de alegria para depois partir e levá-lo para longe de mim.